28 de abril de 2008

terapias

Não sei até que ponto posso tomar como certo o que me disse a Débora, a minha psicóloga, na medida em que nem a ela me expus completamente.
Mas disse-me algumas coisas que posso juntar àquelas que colecciono para me condicionarem. Disse-me que as minhas relações emocionais têm um prazo de 3 anos. Tem batido certo, apesar de ela me dizer que isto se deve ao facto de a minha mãe ter voltado a trabalhar quando eu tinha essa idade, o que eu acho uma perfeita treta. Gostava de um dia saber contrariar este prazo, de poder mostrar a mim mesma que sei ficar numa relação, se bem que à medida que envelheço, apuro os meus defeitos e mais difícil será que isto aconteça. Sei como teria que agir o homem que me quisesse consigo, mas não lho poderia dizer, isso faz parte do que espero dele.
Também me disse, a Débora, que eu quero a alma dos outros. Cheguei a ficar aborrecida com ela, por isso. Também cheguei a divertir-me. Finalmente penso nisso a sério. E penso naquele exercício que fazíamos nas aulas de teatro, com o Rogério de Carvalho. Alguém se colocava a meio da sala. Eu encostada a uma das paredes. Depois eu tinha que correr, de olhos fechados, na direcção dessa pessoa que me seguraria. Essa pessoa, porém, quando eu fechava os olhos, recuava para o outro extremo da sala. Eu tinha medido a distância, claro. E a meio da sala abrandava à espera que me segurassem. Abria os olhos, a pessoa estava ainda distante, mas de braços estendidos para mim. Eu tinha que repetir o exercício. Já sabia da rasteira, mas mesmo assim era-me impossível confiar. Precisava que me apanhassem antes, mas essa não era a regra do jogo.
Era isso provavelmente o que a Débora queria dizer. Que eu precisava que me tirassem todas as dúvidas, todos os receios, repetidamente, com vontade, com provas, para que não recuasse antes do tempo. Que as regras se alterassem, que se adaptassem às minha necessidades, às minhas inseguranças.
Se calhar, querer a alma dos outros, passa por isto.

Sem comentários: