21 de abril de 2008

redundante

Pailhão Atlântico e os GNR mais a GNR. A gente a sentir que tem outra vez 20 anos enquanto canta as Dunas, a Pronúncia do Norte, a Morte ao Sol. A gente a equilibrar cerveja e os putos a dançarem. Vale o que vale, vale uns sorrisos e a voz que se liberta.
Melhor, muito melhor, foi a noite seguinte. Jorge Palma, a preto e vermelho, cabelo desgrenhado, sorriso aberto, as canções do nosso imaginário, quase todas. Nem a que sei que é para mim ali faltou. Outra vez a plenitude, o agrado de quem não sai desiludido.
Para o Palma, deixo o texto da minha amiga Rosa, que publicou n' A FundaSão quando, também ela descobriu esta faixa escondida no album.
Vermelho redundante
O seu sorriso ficava assim uma espécie de sorriso de gato saído directamente do país das maravilhas, estonteantemente branco quase brilhando na penumbra da sala que o fraco vento da noite arrefecia, entrando devagar pela janela aberta.
Um sorriso de descoberta, pensou ela mais tarde. De empatia, tinha ele explicado.
A faixa, sempre a mesma, numa repetição sem cansaço, ia debitando os versos feitos à medida.
“Olha tu”, tinha ele dito, quando secando os suores e sossegando o peito e a pele, se mantinham calados, deitados no pedaço de chão ainda livre de roupas, sapatos, livros roubados à estante.
E ela tinha ficado como que a ver-se ao espelho, ouvindo a voz quente e boémia do homem que a cantava, a ela, de repente, do nada.
Por momentos o mundo pareceu-lhe imenso, a noite interminável e a felicidade possível.

1 comentário:

Anónimo disse...

Outra vez a plenitude, o agrado de quem não sai desiludido.....irónico, não?