9 de abril de 2008

era o vento ou era gente?

Ah, maldita veia pseudo-poética! Por estes dias temos vivido horas de temporal, alertas que mudam de cor e roupa a voar dos estendais. Aqui, no escritório, a roubar tempo à entidade patronal, parei por instantes para usufruir do barulho do vento, lá fora, assobiando como louco num silvo demoníaco. Deixei-me ficar assim, apenas a ouvir. Mas alguma coisa era estranha, neste barulho. Era um silvo crescente, de tom constante, que nada tinha a ver com a habitual inconstância do vento. Levantei-me e espreitei pela janela. As árvores não estavam suficientemente agitadas para tanto vento. Então vi-o. Subindo penosamente pela avenida, passava um velho autocarro fumegante, silvando no seu penoso acelerar de velho à espera da morte.

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