22 de abril de 2008

o Che e a minha amiga Rosa


Também era Abril, nesse ano, mas um Abril diferente, num ano em que as estações ainda se cumpriam, e uma série de outras coisas também.

É de sorriso nos lábios que me diz: "Não passas de uma mulher soturna. Só teoria. Em que momento te esgueiraste de um concerto, de uma festa, de um bar para entrares no carro do homem que mais te agradou e te perderes nos apelos dos sentidos?"

Ainda tentei uma qualquer interjeição de indignação, mas ela atalhou: "Não, nem digas nada. Mesmo que o tenhas feito, de certeza que te puseste logo para ali a questionar tudo, a dramatizar, de certeza que o pobre há-de ter feito um gesto menos correcto, dito qualquer coisa fora do lugar. Olha, eu cá, não me dou a esses luxos. Vou. E indo, deixo-me ir. Percebes? Eu sei lá se algum dia hei-de querer mais do que isto. Nem tu sabes, afinal. Mas olha, foi de ti que me lembrei, eras tu quem deveria ter estado por cima dele, naquele carro apertado. Eras tu que te devias ter vindo, sem vizinhos que te controlassem os gemidos e os gritos. Eras tu que devias ter tido outra vez 20 anos, ou 30, ou 17. Eras tu que devias ter-lhe puxado a camisola, amarrotando-a nas tuas mãos. Eras tu que irias gostar dela."

Eu tenho lá paciência para ouvir as suas tangas. Espetei-lhe o dedo do meio em frente aos olhos, dei meia volta e fui ao supermercado, que já me faltam cebolas lá em casa.

Sem comentários: