31 de março de 2008

a senhora que se segue

Ainda à volta destes mistérios da memória e das memórias, lembrei-me de um livro que li quando estava mesmo mesmo a deixar de ser criança, um livro que apareceu lá em casa, já não sei bem como, acho que ninguém o comprou, chamava-se Rebeca da Daphne du Maurier. Nesse verão fiz como era meu hábito, li o livro 3 vezes.
Para quem não conheça, é a história de um segundo casamento às voltas com o fantasma do primeiro. Tantos anos depois, tantas vivências depois, ainda acho que há homens que não chegam a divorciar-se, mesmo se já tiraram do dedo a aliança e se já assinaram papeis e vivem noutra casa, mesmo que festejem o seu novo estado civil, mesmo que digam que fecharam a porta. Há homens que não se divorciam das ex-mulheres e há homens que não se divorciam de terem estado casados. Não é complicado, eu é que me explico mal. Ou então é mesmo complicado.
São os homens que mantêm nas conversas de cama, nas férias, nos serões em frente à tv, nas compras de supermercado, nos episódios divertidos e nos carinhosos, a presença de quem deveria ter saído mas não sai por vontade própria nem lhe vê mostrada a porta de saída.
Também conheço mulheres divorciadas, mas nenhuma que se agarre ao casamento acabado.
Porquê?
Porque é que há homens que não largam? Que não se separam? Que acumulam presenças na cama?
Será possível seguir-se em frente sem desatar os nós que nos prendem ao passado? Ou deveremos antes perguntar se querem efectivamente seguir em frente?
Sou eu, como mulher, que complico ou as peças que eles carregam não cabem mesmo neste puzzle?

2 comentários:

Anónimo disse...

As pessoas agarram-se a relações que acabaram porque não queriam que tivessem acabado. Se dizem que queriam, mas mesmo assim não as largam, se a cada momento há uma recordação, uma comparação, uma alusão, é porque mentem. Nada de complicado, querida amiga.

Zélia.

Unknown disse...

"Alguns casamentos acabam bem, outros duram toda a vida"
Woody Allen
Acho que há pessoas que conseguem andar para frente sabendo lidar com os nós do passado e outros que tentam desatá-los, sejam homens ou mulheres