7 de março de 2008

lança-chamas

As referências que fazem de nós aquilo que somos, foram-nos chegando à mão por diversos meios ("vemos, ouvimos e lemos"). Entre tantas que de grande parte nem tomamos consciência, há aquelas que não se descolam da etiqueta, aquelas que nos fazem pensar: "A primeira vez que ouvi isto estava na praia com a Ana." Ou: "Quando ouvi falar disto pela primeira vez, o João era o meu colega de carteira, na escola". Ou ainda: "A última vez que comi aqui a Graça chorou."
Estas etiquetas são sombras, umas aliviam-nos do sol escaldante, outras fazem-nos frio. São parte de nós, não há como fugir-lhes. Há é quem tenha a capacidade de sentir o que tem apenas pelo presente, descontextualizando o objecto da sua história, não trazendo às costas o arquivo morto que, por lei, já poderia ter sido lançado às chamas.

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