26 de março de 2008

o amor nos tempos de cólera

Fui ver o filme. Não gostei muito. Talvez porque o livro é tão bom. Talvez porque temos esta mania de comparar o que não é comparável, de misturar alhos com bugalhos, de esquecer que um livro não é um filme, e vice-versa.
Algures a meio do filme, a mesma sensação: Esse amor é outro. Esse amor de um romance ou de um poema; de um quadro ou de uma escultura; de uma canção ou de um filme.
Nessas expressões o amor sobrevive nas esperas, nas contrariedades, nos impedimentos, nas ausências, nas traições, nos silêncios. Mas quando voltamos para casa, enquanto procuramos lugar para o carro ou pomos roupa a lavar ou pagamos contas ou levamos os miudos à escola, perguntamo-nos: o amor é real? E se é, como o identificamos? Como o alimentamos? Como o seguramos? Como não lhe fugimos?
Na vida de todos os dias, a cólera é outra, uma cólera que nos arrefece, que nos distrai, que nos faz duvidar: o amor existe?

2 comentários:

Anónimo disse...

ai, queridas, o amor existe sim senhoras. existe é em formas que nós não sabemos reconhecer. Quanto ao filme, nem vou vê-lo: quero lá saber de estragar o livro :)

Beijos
Zélia

Anónimo disse...

Disseram-me que viesse aqui. Eu vim, às cegas. Mas mal abri a porta, os meus olhos lupinos (ring a bell??) tropeçaram na foto. As minhas meninas de outros tempos; a minha menina de outras florestas. De sempre. Como sempre. (poderei acrescentar "para sempre"?)