18 de março de 2008

páscoa sem culpas

Por falar em saudosismo... Quando eu era pequena é que era. A páscoa era roupa nova, de primavera, para estrear, uma ida à terra, juntar tios, primas e avós.
A minha mãe e a minha tia começavam umas semanas antes os preparativos. A compra da revista Neue Mode, a escolha dos modelos, a ida a Lisboa comprar os tecidos. Depois a minha mãe e a minha tia afadigavam-se a costurar, a minha prima e eu feitas manequins, de braços levantados, com medo dos alfinetes fugidios, iamos fazendo as provas da roupa nova.
Depois era a compra das amêndoas para levarmos para as outras primas, os preparativos de coração e de malas, e finalmente chegava o dia.
Levantávamo-nos de madrugada, a viagem ainda demorava umas boas horas e queríamos chegar cedo.
A páscoa não tinha ressurreições nem crucifixos, tinha risos, roupa nova, chocolates da minha avó, conversa posta em dia com as primas, mais risos. E tinha sol. Não tinha chuva e as cidades não eram cinzentas.
Quando eu era pequena é que era.

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