27 de março de 2008

"já não sou teu amigo"

Há uns anos atrás, quando eu e o nosso amigo morto tinhamos as nossas disputas, e tinhamos muitas, esta minha amiga ficava triste e sentia-se dividida, não porque tivesse que tomar partido, claro que não, mas porque se via ao lado de dois amigos que momentaneamente ficavam de costas voltadas.
Agora esse amigo não está connosco e eu lamento o tempo perdido. Assim como lamento as desavenças entre esta amiga e outro nosso amigo. É tempo perdido. São energias que se gastam a virar a cara para o lado. É a tristeza no final de cada dia. É o desgaste. São as palavras que nunca deveriam ser ditas.
Eles não se apercebem, perdidos, cada um nas suas razões, nas suas queixas. Não se lembram sequer das gargalhadas, das longas conversas à mesa, da confiança, da empatia.
E também não percebem que quanto mais tempo passar, mais difícil será voltar ao ponto em que confiavam um no outro.
Eu, no meio da tempestade, sinto-me impotente, e penso que o meu amigo morto, esse sim, saberia o que fazer e o que dizer para os reunir.

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