8 de março de 2008

m de mulher, mãe, maria, mártir, matriarca, meretriz, mutilada, menina-e-moça, motriz...

Há já muitos anos, tantos que lhes perdi a conta, que recebo, por esta altura, na caixa do correio, todos os anos, um postal com a reprodução de uma gravura, sempre diferente, e com um texto no verso, assinado pela Maria Emília de Souza, presidente da câmara da cidade onde nasci.
Durante muitos anos guardei-os todos, era giro ir acompanhando o seu esforço para não se repetir ao escrever todos os anos sobre o mesmo tema, o dia internacional da mulher.
Às tantas uma pessoa corre o risco de deixar de ser ouvida, os assuntos ficam como gastos, as palavras também. E um dia internacional que nem sequer é feriado arrisca-se a passar ao lado de muitas consciências. E as mulheres que tanto se queixam arriscam transformar-se em ruído de fundo, se não forem fazendo mais nada.
Todavia, ainda é preciso que algumas vão falando e fazendo. Enquanto continuarem a ser notícia os feitos de uma mulher, por ser mulher; enquanto houver uma só que seja injustiçada, violada, mutilada, condenada, discriminada pela sua condição, por muito que risinhos sarcásticos se multipliquem, este dia continua a fazer sentido.

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