31 de março de 2008
a senhora que se segue
pequenas vitórias
30 de março de 2008
28 de março de 2008
fantasmas
Separar a razão da emoção só será possível depois, quando chegar a bonança, mas ainda assim, será uma análise subjectiva. Tanto uma como outra co-existem de tal modo que não se perdem de vista, uma sempre no caminho da outra, as duas sempre no nosso caminho, o nosso caminho sempre cheio de pedras.
27 de março de 2008
Da menina que eu era
Fiquei. Preenchia os requisitos que a empresa tinha estabelecido para o emprego a que me candidatava. Era uma pita. Hoje, sei-o, quando os meus olhos, necessitados de óculos olham para trás. E parece tudo muito distante. Ali cresci como ser humano, como mulher. Ali casei, ali tive a minha filha, ali fiz os meus amigos. Os tais que se contam pelos dedos de uma mão. Ali aprendi a vida.
Os anos são algo curioso. Passam depressa, é certo, mas analisados racionalmente, estão preenchidos de tudo um pouco. De amor, de raiva, de saudade, de amizade. Num cocktail que nos embriaga. E nestes momentos sóbrios, tenho a certeza que não lhes dei devido valor. Fui deixando para trás pedaços que julguei que bastava deitar no lixo. Mas não, hoje lembro-me deles.
A menina dos 21 anos tem hoje 37. E nem se deu ao trabalho de escrever qualquer coisa em sua honra no dia dos seus anos, de erguer uma taça de champagne para os celebrar. Continua a entrar pela mesma porta que atravessou num dia frio de Janeiro. Já não usa mini-saia. Usa invariavelmente calças. Mantém-se o sorriso, mesmo assim. Mesmo que não seja verdadeiro. Mas a verdade há muito que lá vai. Aprendi a mentira e a verdade.
Aprendi a amizade. Aprendi que ela tem que ser cultivada e tratada como uma flor. Com muito carinho. Aprendi a morte. Aprendi que as pessoas que amamos um dia nos deixam. Aprendi o vazio que fica para o resto da vida e as lágrimas que choramos, passem os anos que passarem. Por isso os anos são algo curioso. Não saram tudo.
Hoje, 15 anos mais tarde, sinto-me triste. Por me ter acomodado, por ter perdido o respeito por pessoas que me foram importantes nesta longa caminhada. Por ter perdido o lugar que eu julgava ter no seu coração, por não ter nada para lhes dizer, nem para ouvir. Por não ter tido a inteligência de sair quando não era tarde de mais, e não havia mágoa. Seria apenas mais uma empregada a apresentar a sua carta de demissão. Simplesmente. Sem laços, sem nada a recordar ou a lamentar. De cabeça erguida e sorriso nos lábios, como entrei. Tudo, menos a mini-saia. Essa, jamais a voltei a usar.
"já não sou teu amigo"
Eles não se apercebem, perdidos, cada um nas suas razões, nas suas queixas. Não se lembram sequer das gargalhadas, das longas conversas à mesa, da confiança, da empatia.
Eu, no meio da tempestade, sinto-me impotente, e penso que o meu amigo morto, esse sim, saberia o que fazer e o que dizer para os reunir.
26 de março de 2008
o amor nos tempos de cólera
os pássaros quando morrem caem no céu
25 de março de 2008
mundo ao contrário
parabéns Flor
insónia
24 de março de 2008
Tenacious D
É certo que já está aí ao lado na barra lateral, mas é um must, merece lugar de destaque :)
23 de março de 2008
domingo de páscoa
20 de março de 2008
a bagagem dos viajantes
19 de março de 2008
avestruz

páre de estalar os dedos
18 de março de 2008
mero adereço?
páscoa sem culpas
A minha mãe e a minha tia começavam umas semanas antes os preparativos. A compra da revista Neue Mode, a escolha dos modelos, a ida a Lisboa comprar os tecidos. Depois a minha mãe e a minha tia afadigavam-se a costurar, a minha prima e eu feitas manequins, de braços levantados, com medo dos alfinetes fugidios, iamos fazendo as provas da roupa nova.
Depois era a compra das amêndoas para levarmos para as outras primas, os preparativos de coração e de malas, e finalmente chegava o dia.
Levantávamo-nos de madrugada, a viagem ainda demorava umas boas horas e queríamos chegar cedo.
A páscoa não tinha ressurreições nem crucifixos, tinha risos, roupa nova, chocolates da minha avó, conversa posta em dia com as primas, mais risos. E tinha sol. Não tinha chuva e as cidades não eram cinzentas.
Quando eu era pequena é que era.
17 de março de 2008
lisnave
ai, saudade
15 de março de 2008
ópera dos 3 vinténs
14 de março de 2008
inusitadamente agradável
amorizade
hoje
www.divorcionahora.pt
acordo ortográfico
paleta (post por encomenda)

Já não tenho tempo
Já não tenho tempo para ver o sol esconder-se atrás da serra, como fazia em miúda. E até conseguia ver nas sombras corpos deitados, em repouso. E pensava que havia de me sentar mais tarde, abraçada ao amor da minha vida. Mas o amor não me encontrou. Ou eu não me deixei encontrar.
13 de março de 2008
da solidão
estranhezas
Hoje vesti uma camisola horripilante. Não sei o que passa pela cabeças das pessoas, às vezes, para comprarem certas coisas. Devo ter achado que era gira, sei lá. E que de vez em quando, no inverno, podia vestir coisas que tivessem padrão. Acho que este ano ainda não a tinha vestido. E o ano passado, nem me lembro, tem estado a ocupar espaço no armário.
Mas a preguiça assume muitas formas, sendo que uma delas é a roupa a acumular-se à espera de ser passada a ferro. Até que chega um dia em que já não temos o "uniforme" a postos para vestir e resta-nos desenterrar cadáveres. Que é o caso desta camisola.
Deve ter sido um dia estranho, o dia em que a comprei.
dores de parto
Não tenho inspiração nenhuma.
N diz:
És uma preguiçosa, não sei se já leste.
F diz:
Os textos que me saem dos dedos são todos virados para o meu estado de espírito.
N diz:
E então? Qual é o problema?
F diz:
Não sou preguiçosa, a sério.
N diz:
O blog é nosso, escrevemos o que quisermos, se o que nos preocupa é o umbigo, é sobre isso que escrevemos, e mái nada.
F diz:
Acho que não tenho pedalada para ti.
N diz:
Não digas isso!!! Eu só faço isto porque estou contigo, preciso de ti, sozinha não fazia nada, não faço nada.
F diz:
Quando leio o expresso dos pneus, às vezes acho q não fui eu que escrevi alguns textos.
N diz:
Eu sei, sinto o mesmo, os textos eram enormes, tinhamos tanto para dizer.
F diz:
O astral era tão mais alto.
N diz:
Sim, era, mas temos de o recuperar. Achas que para mim também está a ser fácil?
F diz:
Acho que não.
N diz:
Mas isto pode ajudar-nos. O difícil é começar, depois apanhas a onda e aí vamos nós, falando de ti ou de mim, não importa.
F diz:
E se vier um tsunami?
N diz:
Ficamos sem problemas, a carla diz que já passaram 200 e tal anos, deve estar a vir outro, porque é que não escreves sobre isso??
F diz:
Sobre o tsunami?
N diz:
Ou sobre a carla.
F diz:
Se viesse um tsunami e me levasse os problemas...
N diz:
Ou sobre isso.
F diz:
A carla dá um romance.
N diz:
Tudo dá um romance, se te pões a pensar que não escreves nada é que bloqueias mesmo.
F diz:
E depois ficava com outros problemas...
N diz:
Parva! Lidas com tanta gente, podes escrever tanto sobre a natureza humana.
F diz:
Que frase ;)
F diz:
Já arranjei um caderno, como tu.
N diz:
Já? Eu até gravo ideias no tm, quando estou a andar e não posso escrever.
N diz:
Podes escrever sobre as difícies relações entre chefe e subordinados; sobre esse teu chefe em particular; sobre clientes indecisos; e autoritários; sobre colegas mesquinhos; e sobre os bons; sobre preguiça; e empenho; sobre a falta de sol; o muito sono; a louça por lavar; as unhas que não se pintam; o caderno que arranjaste.
F diz:
Com uma capa à psd.
N diz:
À psd? Azul?
F diz:
Da cor antiga. Daquela com que o Nuno te brinda e que te fica lindamente.
N diz:
Olha lá, não temos que provar nada a ninguém, escrevemos o que queremos, como sabemos, ninguém tem nada a ver com isso.
F diz:
Mas acho que depois destôo de ti.
N diz:
És ão parva.
F diz:
"ão parva"?
N diz:
t, TÊ! xtúpida. Ai de ti que hoje até ao final do dia não tenhas um post. Não te faltam aqui ideias, pois não? Trazidas por ti, até. ESCREVE!
F diz:
'tá bem.
N diz:
Nem que te inspires nos posts antigos e faças nova abordagem.
F diz:
Atéééééé já.
N diz:
Boa escrita.
a preguiça morreu de sede...
contos exemplares
12 de março de 2008
o amor é...
descubra as diferenças

Entre aquilo que fomos e aquilo que somos há mais do que os filhos que nasceram ou os avós que morreram, há mais do que o que lemos e o que rasgámos, há mais do que o trabalho que fizémos ou as tardes que passámos a dormir.
Entre aquilo que fomos e aquilo que somos há mais do que os cigarros que fumámos ou os copos que bebemos, há mais do que o lamento pelo tempo que perdemos em filas e o que não aproveitámos a ver o sol pôr-se por cima de uma seara.
Entre aquilo que fomos e aquilo que somos há mais do que os casamentos que fizémos ou os que desfizémos, há mais do que as viagens que sonhámos ou os quilómetros que engolimos sem saber para onde íamos.

Entre aquilo que fomos e aquilo que somos há a transformação de uma pessoa noutra, outra pessoa que mantém o mesmo nome mas que se chama de modo diferente, uma pessoa que nos calha por vezes não reconhecer, uma pessoa com quem temos de aprender a viver, que não podemos fugir de nós mesmos.
Depois daquilo que fomos e perante aquilo que somos resta-nos fazer com que a diferença entre aquilo que somos e aquilo que seremos nos traga serenidade.
11 de março de 2008
natureza morta
10 de março de 2008
dia brasileiro da mulher
eu passarinho
"Aqueles que aí estão
atravancando o meu caminho,
eles passarão
eu passarinho”.
já joguei ao boxe, já toquei bateria...
9 de março de 2008
a democracia é o pior de todos os sistemas...

8 de março de 2008
m de mulher, mãe, maria, mártir, matriarca, meretriz, mutilada, menina-e-moça, motriz...
Às tantas uma pessoa corre o risco de deixar de ser ouvida, os assuntos ficam como gastos, as palavras também. E um dia internacional que nem sequer é feriado arrisca-se a passar ao lado de muitas consciências. E as mulheres que tanto se queixam arriscam transformar-se em ruído de fundo, se não forem fazendo mais nada.
7 de março de 2008
P.D.I.
Noutros tempos a sesta era para os velhos e agora sabe melhor que algumas sobremesas.
marcha da indignação
Isto tudo junto, não sei, dá que pensar ou é imaginação minha?
lança-chamas
6 de março de 2008
Ingrid Bergman disse:
setenta primaveras
Parabéns, pai.
Hoje que completas setenta primaveras não passaria sem te dar um beijo. Sem te deixar algumas palavras, aquelas que me são permitidas dizer-te. As outras, aquelas que não cabem no nosso espaço, que ficaram caladas ao longo dos anos, já não fazem sentido.
desafios
uma casinha pequenina
5 de março de 2008
publicidade enganosa
o maior espectáculo do mundo
a meio caminho
A primeira questão que se coloca é, desde logo, a escolha dessas palavras. Depois o texto, o sentido, a mensagem que se quer transmitir. Não é tarefa fácil.
Et c'est ça.