28 de maio de 2008

não escutem as conversas alheias

A varanda da minha cozinha é mesmo colada à dos meus vizinhos, de tal forma que facilmente passaria para a deles sem grandes problemas.
Nma daquelas noites que já pareciam de Verão, estava eu recostada na minha cadeira a arrefecer o corpo, perna esticada quando começo sem querer a ouvir uma conversa mesmo atrás de mim.
- recebeste o meu mail?
- recebi, mas não o li todo porque estava lá muito pessoal.
- olha que aquilo é confidencial.
- são estratégias de ataque, eu percebi. Mas são para o destacamento no Iraque?
Pronto, foi aí que a minha curiosidade cresceu repentinamente. Apaguei a luz da cozinha e encostei-me ainda mais à parede. Então o meu vizinho mais próximo é militar!
- as armas são transportadas nos camiões?
- são, mas tem que se ter cuidado com as emboscadas.
- aquilo tá minado de bombas e iraquianos, como é que eles se vão safar?
- tá tudo no mail.
- quando chegar a casa já vou estudar melhor isso. É que assim, já possa defenir uma estratégia e avançar no terreno.
Porra! - pensei eu. Estava a ouvir segredos de estado. A minha pele parecia a de uma galinha e sentia-me ruborizada com a emoção. Até evitava respirar e peguei no cão ao colo para ele não fazer um único ruído.
- não digas nada ao Rui, ouviste? Senão está tudo estragado.
- eu não sou chibo.
- quando acabar este jogo, já tenho outro para começar. Mas a Rita tá-me sempre a foder a cabeça que eu não largo os jogos desde que comprei a consola.
Eu não tenho tomates, mas acho que se os tivesse, tinham-me caído ao chão. Então aqueles gajos estavam a falar de jogos de playstation como os putos, como se se tratasse de um segredo de estado? E aqui a parva acreditou que esses assuntos se comentam baixinho numa varanda?
Dahhhhh! Cuidado com as conversas que possam ouvir.





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