15 de maio de 2008

marcar a ferro

Eu cá tenho um piercing. Unzinho só. E sei que se o tirar, o buraquinho, mais cedo ou mais tarde, acaba por fechar. Também ando há anos a tentar decidir que tatuagem hei-de fazer. Não escolho nenhuma que é para não ter de a fazer. É que os buraquinhos fecham, mas as tintas já é pior para saírem. De resto, o quê? Ah, tenho uma cicatriz no pé. Mái nada. Nem costurinha de cesariana, nem de apendicite, nada. Por isso, um destes dias, se a vida der para o torto e eu tiver que fugir, não me hão-de reconhecer por marcas no corpo.
O piercing foi pura vaidade. Bem, pura, não. Teve um misto de vontade de permanecer jovenzinha à medida que os anos avançavam. E às vezes também me dá para, na mesma linha de pensamento, escolher cores inenarráveis para pintar as unhas, mas pelo menos não faço desenhinhos. De resto, acho que sou discreta. Bem, às vezes os anéis... mas os anéis a gente tira em qualquer momento.
Já me é mais difícil de perceber a piada dos piercings nas unhas e nos dentes.
Andaremos todos tão desprovidos, despojados, despejados de valores, referências e propósitos que só nos resta embonecarmo-nos?
Ai, que medo do avenir!!