18 de maio de 2008

conjunto de letras

1. Que desígnios terão sido estes tão estranhos que me levaram a escolher os nomes que escolhi para as anti-heroínas das minhas histórias? Não foi o gosto especial pelo nome, não foi pelas pessoas que conheci que assim se chamavam.
Não pensei neles, sequer, vieram-me à pena, melhor dizer, às teclas, sem eu dar por isso. Mas que desígnios terão sido esses tão estranhos que me levaram a escolher Lídia, Laura, Teresa?
Estarei fadada a viver de exorcismos? Conseguirei alguma vez libertar-me do passado, dos passados, para poder seguir em frente? Como, se de um exorcismo nasce uma mágoa que terei mais tarde de exorcizar?
(Também é verdade que há essa, outra, em jeito epistolar, com outro nome, que atravessa o oceano para chegar ao brasileiro, mais um estranho desígnio?)
2. Às vezes levanto-me da cama e sei que sou capaz. Outras vezes duvido. Outras tenho a certeza que não.
Outras vezes não sei nada e saio de casa, mascarada com os meus cabelos mal pintados, as minhas botas de salto alto e o meu sorriso postiço, e sinto-me leve por não saber nada, por, por instantes, não ter memória.
Outras vezes não saio de casa e dou por mim a pensar que há palavras que nos ferem tanto que nos cortam a respiração. Cravam-se na pele, nas mãos, no peito; são escorpiões que despejam veneno.
3. E é quando não respiro que tudo me parece claro. Como se finalmente me libertasse. Como se esse fosse o meu caminho. Como se o óbvio fosse não respirar.