3 de julho de 2008

armazém

Na segunda gaveta da mesa de cabeceira, as cuecas. Na terceira gaveta, os soutiens. Na primeira, cremes, desodorizantes, pílula, toalhetes, lenços de papel.
Em cima da cómoda, anéis, pulseiras. Na primeira gaveta da cómoda, relógios, brincos, colares.
Nas duas portas do roupeiro mais próximas, calças e blusas.
Tudo mesmo à mão, tudo aquilo de que preciso, que quero e uso diariamente.
Depois, nas mais distantes, nas gavetas do doutro lado da cama, nas gavetas mais baixas da cómoda, nas que ficam debaixo da cama, nas últimas portas do roupeiro, aquilo que raramente procuro.
Há ainda um outro roupeiro, noutro quarto, com coisas ainda mais esquecidas.
Depois há também os dias de reorganização, em que dou voltas à casa e acabo com 3 ou 4 grandes sacos de lixo.
Deixar à mão aquilo que queremos para todos os dias, afastar o que ainda se guarda porque pode ainda fazer falta ou porque ainda não chegou a hora de deitar fora, e sim, deitar fora o que já não se quer. Para não nos perdermos em dispensáveis. Para manter as coisas no seu lugar. Para umas não atrapalharem outras. Para umas não tirarem lugar a outras. Para que haja espaço para vivermos.
Fazemos isto em nossas casas.
Será assim tão difícil fazê-lo nas nossas memórias?